sexta-feira, 26 de abril de 2013



domingo, 1 de julho de 2012

Felipe Rocha



Eu nasci em paris em 1972 e faço teatro desde 1986. Me formei em Artes Cênicas pela Universidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio). Trabalho como ator, autor, diretor, roteirista e músico. 

Em 2008 criei o grupo de teatro Foguetes Maravilha, que dirijo, ao lado de Alex Cassal, Renato Linhares e Stella Rabello.
Entre as peças que a gente montou, está "Ninguém falou que seria fácil", texto meu, editado pela Editora Cobogó e vencedor dos prêmios Shell, questão de crítica e APTR (Associação de produtores teatrais do Rio de Janeiro) 2011, de melhor dramaturgia.

Em 2015 e 2012, respectivamente, escrevi e dirigi os filmes de curta-metragem "Som-Guia" e "Talvez em Lisboa".

sexta-feira, 25 de maio de 2012

quinta-feira, 26 de março de 2009

Jornal o Globo - Segundo caderno



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RIO - A rocha que pesa no nome de Felipe tem asas. Ou melhor, tinha. De uns tempos para cá, o que a faz voar é um foguete. Que sobe rápido e tem causado fascínio desde que se lançou da plataforma. O condutor é o próprio, que tem como auxiliar o também ator e diretor Alex Cassal. Juntos, há três anos decidiram levar à frente a Foguetes Maravilha, companhia de teatro que aterrissa nesta quinta-feira no Espaço Sérgio Porto com três amostras de suas aventuras: a peça inédita "2 histórias", na próxima quinta-feira, dia 5, é seguida, no dia 6, pela recém-lançada "Ninguém falou que seria fácil", que fica até hoje no Planetário e vem sendo muito elogiada (nas palavras da crítica do GLOBO Barbara Heliodora, "um momento privilegiado de teatro e razão para comemorações quando se fala da nova dramaturgia brasileira"); no domingo, dia 8, há o retorno de "Ele precisa começar". À exceção da primeira, todas escritas, dirigidas (em parceria com Cassal) e encenadas pelo ator, autor, diretor, cantor, multi-instrumentista (baixo, piano, saxofone...), compositor de trilhas para teatro e cinema, bailarino e, sobretudo, astronauta Felipe Rocha.
- Começamos o Foguetes por um desejo de permitir se perder, no texto, como autor, e no palco, como ator - conta ele. - Fazer um teatro que busque o sensorial, como a música, a dança e as artes plásticas, que se manifestam no campo das sensações.
Tempo fragmentado
Na órbita transgressora e nonsense da galáxia de Felipe, convenções teatrais vão aos ares em favor de um fluxo de tempo fragmentado e uma relação direta com o presente e com os presentes na sala de teatro. Encenada pela primeira vez em 2008, "É preciso começar" arremessa no palco um ator que começa a contar a história de um homem fechado num quarto de hotel, que resolve escrever uma peça. Foi exatamente o que Felipe fez durante uma turnê pela Europa com a Cia. dos Atores. O segundo texto parte de reclusão semelhante. Há três anos, após ganhar uma bolsa, Felipe passou meses enfurnado num quarto em Paris, e produziu "Ninguém falou que seria fácil". A peça tangencia as transformações que acompanham a transição para a vida adulta, e foca, sobretudo, na troca de afeto entre pais e filhos. Pai de uma menina de 5 anos (com a coreógrafa Dani Lima), ele contracena com Renato Linhares e Stella Rabello num esquizofrenizante jogo de trocas de papéis e perspectivas.
- Me interessam as coisas que não fazem sentido. O cara que acabou de comer uma feijoada e um minuto depois diz que está morrendo de fome - diz Rocha. - Na nossa cabeça e nos sonhos as coisas se misturam numa lógica mais emocional. As pessoas têm nos acompanhado nessa viagem. Se em cada cena os afetos estão claros, não é preciso uma lógica racional para dizer alguma coisa. Outro dia uma senhora me abordou para dizer que não tinha entendido. Respondi que eu também não.
Alex Cassal comenta:
- São trabalhos em que a linearidade se fragmenta e a relação com o momento presente é explorada. Dialogamos com o aqui e o agora.
Nascido em Paris em 1972, Felipe viveu lá até os 7 anos e começou a atuar aos 14.
- Era péssimo, ria quando a cena exigia tensão. Cheguei a ser mandado embora por um diretor. Na minha vida, o ator se manifestou pela persistência, enquanto a música surgiu de forma orgânica - diz ele, indicado três vezes ao Shell por suas trilhas.
Formado em Artes Cênicas pela UniRio, fez estágio no Théâtre du Soleil, com Ariane Mnouchkine, e integrou a Intrépida Trupe antes de se lançar ao palco como líder da banda Brasov - combo eminentemente instrumental que borra as fronteiras entre o samba-jazz, a música cigana, o rock eslavo, a salsa cubana, trilhas de ação dos anos 70 e Roberto Carlos. O caleidoscópio delirante do Brasov tem a mesma raiz do teatro multifacetado do Foguetes Maravilha.
- Quando comecei a fazer música, sem domínio técnico ou de harmonia, não sabia direito o que fazer, mas sabia que não queria reproduzir padrões. Um dos baratos do artista é tentar ver por outros lados. A onda com essas peças é encontrar um lugar em que você não entende onde estão as coisas. Um pouco como "Mulholland Drive" (de David Lynch), filme que eu adoro e do qual não entendo nada - compara. - No Brasov usei o background do teatro a serviço de uma banda, e no teatro, o contrário. A questão da música e do teatro sempre foi um dilema. Hoje sei que meu pilar é o ator.
Opção que ganhou amparo a partir do contato com Enrique (Kike) Diaz, com quem trabalhou e continua viajando em peças como "Ensaio.Hamlet", "Gaivota - Tema para um conto curto" e "Otro".
- Felipe sempre foi muito criativo e articula muito bem conhecimentos e universos de natureza muito diferentes - diz Kike. - Sentia que era algo muito contemporâneo, mas a ideia de autor me parecia longínqua, por mais que ele já fizesse isso em cena, sempre com recursos e um olhar muito particular.
Felipe devolve:
- O Kike é o grande divisor de águas. Ele foi determinante para eu encontrar uma forma de escrever. Entendi com ele que os afetos e as emoções devem ser do tamanho em que se apresentam. Era garoto quando assisti a "Melodrama" (de 1995). Esperei ele sair do teatro e o abordei. Sempre fui cara de pau... "Kike, eu quero ter um filho, plantar uma árvore, escrever um livro e trabalhar com você algum dia." Espero que continue.


Por Luiz Felipe Reis, em 1º de maio de 2011
Segundo Caderno, Jornal O Globo